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O ambiente faz o objeto assim como o objeto faz o ambiente?


Em 1925, Le Corbusier projeta um pavilhão para a Exposição de Artes Decorativas e Industriais Modernas de Paris.


O Pavilhão de l'Esprit Nouveau era basicamente um protótipo do que seria a residência moderna (fazendo parte de um projeto maior, intitulado "Projeto para uma cidade moderna de 3.000.000 de habitantes"). A ironia é que esse projeto traz um discurso que deseja o fim do seu anfitrião: rejeitando o uso de ornamentação (aquela decoração queridinha da Art Nouveau) e afirmando que linhas puras, retas e industriais também tem seu valor estético.


Enquanto antes da arquitetura moderna, o 'chique' eram os excessos, a arquitetura moderna chega dizendo que (todos já sabemos!) 'menos é mais' e o ode ao final da ornamentação. Nesse estilo, design de mobiliário e obras de arte são o suficiente.




O que a galera gostava:



O que Le Corbusier afrontoso fez:




E sim, eu concordo muito que arquitetura de qualidade, la crème de la crème, é muito sucinta quando tratamos de adornos.


Mas, trazendo essa discussão para nossa realidade, que projeta para pessoas reais e não só para artistas descolados, como desenvolver assim, projetos com personalidade e conceito estético arquitetônico?


Apesar de valorizar arquitetura conceitual de exposição, sempre ficou muito claro para mim que eu queria que meu escritório desenvolvesse arquitetura para a pessoa que vai ocupar o espaço. Trazer personalidade e construir propostas que caibam no orçamento.


Com essa discussão (delícia!!) aqui no escritório, vou parafrasear a Mari Bidel (nossa arq maravilhosa), quando disse que 'nem só o objeto faz o ambiente, mas o ambiente também faz o objeto'.


Isso quer dizer, de maneira simplista, que através do projeto devemos trazer personalidade o suficiente no ambiente para que nossos clientes consigam usar seus ornamentos com personalidade e autenticidade, seja ele assinado por artista/designer ou não e manter um valor estético.


Por que uma peça de roupa X pode ficar super estilosa em alguém e totalmente brega e fora de contexto, em outra pessoa?



o projeto X obra executada


A mesma pergunta se aplica a móveis ou itens de decoração.


A AUTENTICIDADE de uma peça é palavra chave na nossa conversa.


Precisamos ter autenticidade para usar blusa florida com calça xadrez.

Ou uma jarra de abacaxi da dona Nenê.

Como o contexto muda o uso de certo objeto?


Mas tentando facilitar as coisas:


Autenticidade de uma peça de decoração, móvel ou arte vai muito além do preço que se pagou por ela. Onde foi comprada? Quem fez? Qual história ela conta?


Uma peça que conta história pode ser over e ficar muito bem em um ambiente que tenha importância por si só.


Mas um ambiente sem personalidade pode comportar a obra que for, que facilmente diminui seu valor.


Aqui no escritório temos uma luminária de macaco, bem diferentona. Todo mundo que percebe ela, comenta (também é sobre isso). Agora...se levarmos essa mesma luminária para o restaurante da esquina, com paredes laranjas, quadros sem contexto, com certeza vai ser uma peça terrível.


Sendo assim, podem vir, enfeites (sorry, Le Corbusier), que nós vamos saber o melhor jeito de criar um espaço que transforme o bibelô em um item queridinho sim.


Dicas das arquitetas que querem ver, cada vez mais, espaços com personalidade e autenticidade por ai:


  1. Evite comprar peças de decoração feitas em escala (sim, tchau shopee e shein): elas não contam história alguma;

  2. Evite quadros que não te questione em nada. Arte é pra isso. Mesmo que seja uma arte replicada...lembre-se, não é só estética, é diálogo;

  3. Compre peças de quem faz, de briques...busque a IMPERFEIÇÃO;

  4. Resgate a história do lugar que você mora através de revestimentos mais antigos, móveis ou estampas;

  5. Não tenha medo de OUSAR, se ficar ruim, faz parte!!



Beijos!!







 
 
 

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